01/04/2008
Qual a importância de uma revista, qual o seu papel no momento histórico e social? Às vezes não nos damos conta das funções que este veículo desempenha e do universo que abrange. O atual Diretor do Serviço de Documentação da Marinha, nosso colega o CMG Spranger, tem procurado difundir a concepção de que uma revista representa muito mais do que a transmissão objetiva de informações, e de que o seu alcance ultrapassa o da interpretação dos fatos noticiosos dentro dos contextos sócio-político e sócio-econômico. Ela também cumpre uma função histórica, sendo um instrumento de preservação da memória de uma sociedade ou de um grupo social. É o registro vivo, reportando não só os fatos, mas toda a paixão na qual os acontecimentos de uma determinada época estão envolvidos.
A Revista Galera, editada anualmente, há mais de 75 anos, pelos alunos do último ano da Escola Naval tem cumprido essa missão, assinalando em suas páginas os eventos, as atividades, as conquistas, os prêmios e os desafios vivenciados pelos aspirantes a oficial durante os quatro anos de sua formação. Cada turma tem uma história particular, em que centenas de alunos partilham diariamente emoções, alegrias, tristezas, e sobretudo o espírito de perseverança e a convicção no caminho escolhido, que permite suplantar as dificuldades encontradas. Esses recortes do cotidiano, juntamente com os momentos especiais, ganham a garantia da posteridade neste diário de bordo. Sua edição já é uma tradição e integra a memória histórico-cultural da Marinha do Brasil.
Percorrendo o acervo da Biblioteca do Serviço de Documentação da Marinha, lá encontraremos várias edições da Revista A Galera. Ao folheá-las, navegaremos no tempo, nas histórias de cada turma; quantos percursos distintos… Alguns daqueles jovens guardas-marinha tornaram-se almirantes, ministros; outros, nos postos que galgaram, destacaram-se com excelência. E os que já partiram também deixaram a marca das suas realizações. Cada foto suscita um universo singular e ao mesmo tempo reporta uma parte da Marinha, construída com os ideais, com as lutas, e com a dedicação desses homens que nunca passarão anônimos, pois cada página de A Galera haverá de preservar a sua memória. Mas existe um espaço vazio, uma lacuna nas prateleiras e na história da Marinha do Brasil – falta A Galera da turma de GM de 1973.
Naquele ano, por razões alheias à nossa vontade, ela não foi editada, mas a vontade de publicá-la permaneceu até hoje entre os Guardas-Marinha da Turma John Taylor. Quase trinta anos se passaram, e aqueles rapazes, com o coração repleto de sonhos, depois de embarcarem em tantas viagens pelos mares e pela vida, estão hoje reunidos novamente em prol dessa iniciativa. A Galera da turma de 1973 aportou em 2002, quando se iniciaram os trabalhos de preparação da revista. Foi uma tarefa árdua, o resgate da história de tantos homens, a qual se funde com a da nossa própria Marinha, mas foi também prazerosa por permitir contatar companheiros que há muito tempo não se viam.
Eis A Galera! Preenchemos esta lacuna no tempo da memória naval. Faltava à turma de 1973 cumprir o seu papel histórico, com a produção de um documento a lembrar os seus feitos na preservação da instituição Marinha do Brasil. A tradição se mantém. E assim, saudemos achegada da nossa Galera 1973.